sexta-feira, 31 de julho de 2009

A fumaça dos meus sonhos

Em um momento desses andando em uma das ruas da cidade avistei de longe uma longa fumaça que subia como se quisesse alcançar a eternidade. E de fato, ela queria. subindo devagar, porém intensamente como se soubesse o ponto final, ela seguia. Abusada. Ousada. Mas determinada. Na tentativa de descer, ela se esconde entre as nuvens e lentamente desaparece para que daqui ninguém a veja. Neste momento, sentei-me. Uma tristeza veio tomando minha alma como se corresse pelo meu sangue e atingisse todo o meu corpo, eu me deitei e sozinha naquela estrada escura sentindo muito frio, tentei dormir, mas algo me acordou. Uma luz, vinda de um ponto amarelado no céu, uma forte luz apareceu me chamando, e ainda perturbada com a intenção da fumaça, eu acordei olhando para o céu e buscando naquela imensidão, a fumaça que nem de longe apareceu para me buscar. Queria eu, ser levada junto a ela para o infinito universal, mas ela pouco se interessou em saber o que eu de longe queria ao vigiá-la por cada segundo que passava naquele velho relógio de meu avô, que segurava em minhas mãos para mais tarde ao longo do dia ele se perder de mim. Levantei-me ainda tonta e caminhei para meu destino na tentativa de encontrar novamente a fumaça que me faria viajar para o horizonte na eterna busca de quem um dia me deixou.


Tatiana Rangel

Uma determinada loucura

Se toda loucura fosse atribuída aos loucos, seria eu, uma das mais loucas já existentes em momentos inexistentes desses momentos de surto ou de loucura total. Se ainda pudesse eu, descrever quanto vale uma moeda em seu valor absoluto, não teria noção de como gastar ou de talvez não usar em benefício próprio, nem alheio. Pois, no entanto, seria outro desperdício gastar um valor que não existe. Ou existe??? Sei lá... Sei o que ninguém sabe. Sei o que ninguém quer saber. Sei de mim. Dos momentos que passo na minha mais profunda solidão e nos meus mais ardentes desejos de ter perto de mim apenas um livro e uma foto recortada de jornal para mais tarde ao deitar-me loucamente em minha cama macia endoidecer-me de pensamentos que levarão a um mundo inexistente e de total liberdade de idéias e loucuras, onde eu possa me saciar de angústias aos pés da minha arcaica puberdade. Seria este um momento perfeito para desvendar dentro de mim uma mulher que talvez nunca tenha se manifestado, ou nunca tenha existido nessa imensidão absurda de delírios calorosos e obscuros.
Como seria o diagnóstico perfeito da sexualidade interior??? Seria de certa forma desvendada nas loucuras do prazer, ou até mesmo na forma mais natural de conduzir a vida diária. Como andar de ônibus, ir à padaria, pedalar, dirigir, enfim... Quando a "loucura" invade a cabeça ou a alma, ela se inquieta e entra em delírios constantes como se aquilo fosse o maior prazer sexual já existente. Seus joelhos temem, assim como seu queixo, a barriga contrai e todos os barulhos embrulham sua memória enlouquecendo-a absurdamente como se nada mais tivesse sentido. Ela se deita aos poucos levando as mãos à cabeça e cada vez mais calma, um sussurro ofegante saí de dentro daquele corpo que em um sono profundo deseja não mais acordar.


Tatiana Rangel