sexta-feira, 31 de julho de 2009

Uma determinada loucura

Se toda loucura fosse atribuída aos loucos, seria eu, uma das mais loucas já existentes em momentos inexistentes desses momentos de surto ou de loucura total. Se ainda pudesse eu, descrever quanto vale uma moeda em seu valor absoluto, não teria noção de como gastar ou de talvez não usar em benefício próprio, nem alheio. Pois, no entanto, seria outro desperdício gastar um valor que não existe. Ou existe??? Sei lá... Sei o que ninguém sabe. Sei o que ninguém quer saber. Sei de mim. Dos momentos que passo na minha mais profunda solidão e nos meus mais ardentes desejos de ter perto de mim apenas um livro e uma foto recortada de jornal para mais tarde ao deitar-me loucamente em minha cama macia endoidecer-me de pensamentos que levarão a um mundo inexistente e de total liberdade de idéias e loucuras, onde eu possa me saciar de angústias aos pés da minha arcaica puberdade. Seria este um momento perfeito para desvendar dentro de mim uma mulher que talvez nunca tenha se manifestado, ou nunca tenha existido nessa imensidão absurda de delírios calorosos e obscuros.
Como seria o diagnóstico perfeito da sexualidade interior??? Seria de certa forma desvendada nas loucuras do prazer, ou até mesmo na forma mais natural de conduzir a vida diária. Como andar de ônibus, ir à padaria, pedalar, dirigir, enfim... Quando a "loucura" invade a cabeça ou a alma, ela se inquieta e entra em delírios constantes como se aquilo fosse o maior prazer sexual já existente. Seus joelhos temem, assim como seu queixo, a barriga contrai e todos os barulhos embrulham sua memória enlouquecendo-a absurdamente como se nada mais tivesse sentido. Ela se deita aos poucos levando as mãos à cabeça e cada vez mais calma, um sussurro ofegante saí de dentro daquele corpo que em um sono profundo deseja não mais acordar.


Tatiana Rangel

2 comentários:

  1. "Loucos,tão poucos quanto eu!"
    Albert Einstein

    ResponderExcluir
  2. Todos nós somos loucos, pelo menos uma parte. Temos loucuras inconfessáveis. Desejamos, sentimos e muitas vezes, nos envergonhamos a ponto de não admitir o que estamos necessitando.

    O que seria a loucura? A vida? Acho que sim.

    Beijo enorme e carinhoso.

    ResponderExcluir