Dia desses uma amiga me ligou convidando para assistir ao show do cantor e ex-ministro, Gilberto Gil, no município de São João da Barra. Fui à rodoviária comprei a passagem, voltei a casa me arrumei, e liguei para um táxi que, 30 minutos depois não havia aparecido. Então dei sinal a um ônibus que passara próximo a minha casa e desci na Beira Rio para pegar o táxi que me levasse ao meu primeiro destino. A rodoviária Roberto Silveira. O taxista em um sono profundo me ouviu apenas depois de três “Boa tarde”. E seguimos. Ao chegar na rodoviária, eis que já havia perdido dois ônibus. Ascendi um cigarro a espera do próximo. Até aí tudo bem. Sentei-me em uma das poltronas do lado direito da janela. A bateria do meu celular acabara e pensei “como vou saber onde os meus estarão, sem celular”, surgia à primeira dependência nítida do dia.
Minutos depois de embarcar, antes mesmo do motorista entrar, surge uma música em volume bem alto quase ensurdecedor que dizei algo tipo “mexe a bundinha pra trás e pra frente... mexe, vai...”, entretanto, as coisas foram piorando com autorias que desconhecia, ainda desconheço e não faço nenhuma questão de conhecer. E outras “músicas” do gênero foram tocadas perfurando meus tímpanos. Quando enfim, o jovem que conduzia essas letras em um aparelho celular resolveu parar para um soninho, eu também começava a acreditar que pudesse fazer o mesmo. Logo, atrás de mim, o grito inicia outra canção. Desta vez era a roqueira Pitty, também em um aparelho celular. Olhei para trás e ignorei as duas moças e o aparelho, mas nada adiantou e a mesma cantou até o litoral sanjoanense.
Já cansada de pensar em como encontrar minhas amigas sem celular e de como fazer as duas mocinhas desligar o telefone, ou por fones nos ouvidos, o ônibus para em frente a uma daquelas propriedades no meio do nada. Sobe umas duas famílias, ou uma daquelas bem grandes. Uma mulher baixa e aparentemente ‘feliz’ senta ao meu lado. Lembrando que no fundo a roqueira ainda gritava aos meus ouvidos. Esta olhava para mim freqüentemente rindo. Eu apenas de “rabo de olho” pelos óculos, fingia não ver. Insistentemente ela ria para mim. Não suportando mais aquela senhora me vigiando eu a olhei com uma expressão bastante séria e aparentemente irritada e, de fato, eu estava. Ela desceu pouco mais à frente e a música ainda cantava no banco de trás.
Ufa... Chegamos!!! As duas mocinhas roqueiras me indagaram a respeito da chegada e uma pergunta: “Podemos ir juntas para o show?”. Eu, cansada, agoniada, irritada e impaciente retribuí com um olhar fulminante e seguir em frente.
No Balneário compro uma latinha de cerveja, ascendo outro cigarro e já me sinto melhor. Ando pelo lado esquerdo do palco e encontro minhas amigas.
O show? Maravilhoso! Como já era de se esperar do magnífico Gil.
Tatiana Rangel
Nenhum comentário:
Postar um comentário